Com curadoria de Lorraine Mendes, “Vilão” de Ramo inaugurou no dia 25 de janeiro e poderá ser visitada até a próxima segunda-feira dia 25 de abril na Casa Preta Hub. Coleccionismo Contemporáneo realizou uma visita presencial da mostra para somar a Diáspora como integrante da Rede Coleccionismo Contemporáneo.
Partindo da ideia de que “a vilania tem cor” no projeto socioeconômico e político da colonialidade no Brasil, Ramo re-visita as narrativas dessa colonialidade para colocar o “vilão” a partir de um enunciado diferente. Os discursos coloniais, apelando a uma posição maniqueísta, mas altamente eficaz, insere os valores mais nobres e sagrados no herói, que tem em contrapartida o vilão: a construção da ideia de “herói” que é sempre acompanhada por um personagem que representa todos os atributos negativos que uma sociedade representa em um momento histórico determinado.
Lorraine Mendes, curadora da mostra, nos diz: “O negro, enquanto invenção da colonialidade, é concebido como tema, objeto, alienado na condição do outro. Aquele que não existe sem o olhar do branco, e por não existir fora dessa vista, pouco sabe de si, de sua história e memória (...) O homem negro é aquele fadado ao desaparecimento no projeto hegemônico de Brasil – seja pela morte, dor, prisão ou adoecimento. Dessa maneira, vilão não seria aquele que desafia a ordem e sorri, dança, se cuida, ama e partilha?”
A mostra nos fala da negritude como uma “alteridade” no marco das construções identitárias nacionais do Brasil, que também podemos estender para outros países da América Latina, onde os processos de subalternização adotaram outros rostos e outras estratégias. A pergunta que recorre em toda a mostra é: o que fazer com o que nos foi feito? Como construir a partir dos escombros deixados pela colonialidade?
Sobre Ramo
Ramo é artista visual bacharel em artes plásticas com especialização em gestão cultural. Sua pesquisa gira em torno dos desdobramentos do verbo construir, desde os processos identitários e de pertencimento territorial, à criação de espaços rituais que reverberam no imaginário da cultura popular contemporânea.
Com referências à estética da arte urbana, possui uma linguagem singular que transita entre o plano e o volumétrico, o físico e o virtual, materializando obras de arte que vão desde colagens à objetos interativos.
Sobre Diáspora
Uma galeria de arte contemporânea 100% idealizada, construída e gerida por pessoas racializadas: artistas, equipe e parceiros.
A Diáspora nasceu para questionar o mercado artístico tradicional e promover arte que inspira, contar histórias e cria conexões com seus admiradores a partir da riqueza de outras narrativas.
Queremos aproximar o mercado de arte da realidade social brasileira, fomentando protagonismos e pluralidades raciais no circuito formal das artes.
Sobre Lorraine Mendes
Lorraine Pinheiro Mendes é mulher negra, acadêmica, artista, professora e leitora ávida. Graduada em Artes e Design pela UFJF, tornou Mestra em História na mesma instituição, com dissertação sobre as cidades ideais do Renascimento. Curadora independente, atualmente é doutoranda em História e Crítica da Arte no PPGAV-UFRJ, onde desenvolve sua pesquisa sobre as representações do negro e da negritude na história da arte branco-brasileira e os projetos de Nação
Vilão
Del 25 de enero al 25 de abril
Diáspora Galeria
Av. Nove de Julho, 50, Bela Vista, São Paulo, Brasil
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